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História 4 - Um Jornal pr'à Tarde


Capa do JT na Copa do Tricampeonato - México - 1970

Uma impressão:

Nos primeiros anos da ditadura civil militar (1964/1985) havia uma resistência política no jornalismo praticado no eixo Rio-São Paulo inspirada no New Journalism norte americano. Textos enxutos e autorais, quase existenciais e fotos eloquentes, em edições impactantes.

Não é por acaso que tanto Realidade quanto o Jornal da Tarde são produtos de duas das maiores empresas de mídia impressa, do pais, na época. Embora fossem representantes de uma mídia conservadora, que havia apoiado o golpe, em 1º/4/1964, a Editora Abril e O Estado de S.Paulo tinham em comum interesses comerciais que garantiam que ser vanguarda e inovar na apresentação de notícias e informação iria atrair mais leitores e, consequentemente, mais clientes aos patrocinadores que bancavam seus empreendimentos.

Contudo foi, sem dívida, nessas publicações que o jornalismo e, mais ainda, o Fotojornalismo brasileiro produziram um dos mais eloquentes relatos da história do pais. E ainda foram um eficiente provocador do interesse pela linguagem visual da informação.

 

Como foi que começou?

Desde meados de 1964 o Estadão publicava uma Edição de Esportes para substituir o jornal que não circulava às segundas-feiras. A Edição trazia basicamente os acontecimentos esportivos de domingo.

O responsável por essa "edição" era o jornalista Mino Carta que já produzia ali um projeto arrojado com inovações gráficas, uso intensivo da telefoto e textos mais personalizados. Tudo sob medida para as experimentações que acabaram produzindo o Jornal da Tarde. A Edição de Esportes e o Jornal da Tarde ainda conviveram alguns anos até que o último absorvesse o primeiro.

O número 1 do JT, sai em janeiro de 1966 e trazia na manchete “Pelé casa no carnaval”. Na foto abaixo da manchete, uma moça de óculos escuros era identificada como a noiva Rose. Só na manhã seguinte descobriu-se que aquela era a irmã dela. A capa não tinha ainda as características que se tornarão a marca do JT.

Quatro anos depois do lançamento, por decisão de Murilo Felisberto, que substituiu Mino Carta na direção do jornal, foi criado, pela primeira vez na imprensa brasileira, o cargo de editor de fotografia. Milton Ferraz, um jovem de 23 anos, fotógrafo do Estadão, desde 1965, foi convocado para a função, onde permaneceu por cerca de quatro anos.

O JT foi vespertino entre 1966 e 1988, quando os engarrafamentos na cidade impediram a distribuição do jornal, à tarde. Passou então a ser um matutino como todos os outros diários de São Paulo, mas que se destacava pela abordagem emocional e impactante dos texto e das fotos que estampava.

Uma das principais características na edição do JT foram as capas que, em muitas edições incluía apenas o cabeçalho, a manchete de uma linha, de preferência e uma foto ocupando todo o espaço restante. Algumas vezes também foi dividia em faixas horizontais formando três áreas de destaque no desenho da página.

 
Capa da edição sobre o comício das Diretas-Já em São Paulo - 1984

Poucas vezes, como na edição com a cobertura da manifestação pelas Diretas-Já, em 1984, apenas o cabeçalho e a foto ocupavam toda a página. Nenhuma palavra, até então, tinha aquele tamanho.

 

O Jornal da Tarde nunca teve uma equipe de fotógrafos pra chamar de sua, mas alguns freelances circulavam pela redação. Os fotógrafos contratados do Estadão cobriam matérias para os dois veículos, mas ser escalado para fotografar para o JT era um desafio e um ponto a mais, porque era uma chance de ter a foto publicada com um destaque que o Estadão não garantia.

Produziram fotojornalismo nas páginas do JT, entre outros: Oswaldo Jurno, Egliberto Lima, Reginaldo Manente, Helvio Romero, Epitácio Pessoa, Flavio Canalonga, Domício Pinheiro, Rolando de Freitas, Juca Varela, Vital Cavalcanti, Luludi, Luiz Prado, Luiz Paulo Lima, José Luiz Conceição, Clovis Sobrinho, Monica Zarattini.

Nove capas históricas


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