História 3 - O século do Jornal do Brasil

Em uma das primeiras vezes que coloca uma foto na capa, o Jornal do Brasil, em 6 de maio de 1957 a legenda, na foto de Gil Pinheiro, de uma partida do Fluminense, no Maracanã, exalta a vitória do time mas esquece de dizer contra quem o time jogava.

O Jornal do Brasil foi um dos mais importantes jornais brasileiros no século XX. Fundado em 1891, o jornal já começa fazendo parte da vida nacional com uma campanha monarquista dois anos após a proclamação da república.

Em meados dos anos 1950, depois de décadas passando pelas mãos de vários proprietários e prepostos, o jornal é comprado pela Condessa Pereira Carneiro e seu genro Nascimento Brito.

É a partir dessa dupla que acontece uma das maiores reformulações editoriais e estéticas no jornalismo brasileiro. Mesmo sem um projeto previamente definido, fizeram experimentações, baseadas nos exemplo de gestão empresarial de jornais que a Condessa pesquisou nos Estados Unidos.

Uma dessas experimentações foi a primeira publicação de fotografia na capa de um jornal brasileiro.

Ali mesmo entre os anúncios classificados, que já estavam lá desde os primeiros anos do século.

Essa foi uma descoberta tão básica que ninguém pensa mais uma capa de jornal sem uma foto na área de melhor leitura da diagramação.

Toda essa revolução gráfica seria pouco sem os fotojornalistas que vão, ao longo da segunda metade do século, valorizar exponencialmente aquele espaço.

Ao longo das décadas seguintes passaram por aquela janela jornalístico fotográfica profissionais como Alberto Jacob, Erno Schneider, Campanella Neto, Evandro Teixeira, José Antônio Moraes, Delfim Vieira, Odyr Amorim, Ronaldo Theobald, Antônio Andrade, Aguinaldo Ramos, Ary Gomes, Kaoru Higuchi, Rogério Reis, Luiz Morier, Paulo Nicolella.

A "fotografia do JB", como é conhecido entre jornalistas, foi durante décadas a meca do fotojornalismo brasileiro. Foi a redação pra onde foram ou quiseram ir, várias gerações de repórteres fotográficos. Provavelmente por essa mudança histórica de ter sido o primeiro a dar destaque à foto notícia, a foto informação. E garantiu isso ao longo do século.

Consequência disso?

Chi lo sa?

Fato mesmo, que é o que interessa, é que foram nas páginas do JB, durante décadas, que o fotojornalismo foi mais valorizado na imprensa brasileira.

Poucas redações de jornais nacionais deram tanto incentivo à criatividade dos fotojornalistas brasileiros. O Jornal da Tarde, em São Paulo, também, de certo modo, seguiu a lição com o projeto de Mino Carta, em 1966. Mas isso já é outra história, outro post.