As histórias do Fotojornalismo
Do final dos anos 1920 até o início dos 1940 o mundo viveu o que se pode chamar de uma valorização quase única do fotojornalismo. A possibilidade original da fotografia encontra aí a necessidade histórica de divulgar conhecimento. A situação social, no período entre guerras mundiais, tanto nos Estados Unidos quanto na Europa, eram as mais desoladoras de suas histórias recentes. Essas histórias nos são contadas através das fotografias de um dos mais afiados grupos de repórteres fotográficos que a história já conheceu. Robert Capa, Gerda Taro, David "Chim" Saymore, Dorothea Lange, Margaret Bourke-White, John Vachon e outros que fazem a cabeça do fotojornalismo até o século XXI
Cuentos de Resistencia - Gerda Taro
No Brasil. entre as décadas de 40 e 70 algumas publicações nacionais
destacaram-se por igualar a importância da imagem fotográfica aos textos, em grandes reportagens e manchetes de primeira página.
O Cruzeiro, Jornal do Brasil, no Rio de Janeiro, a revista Realidade e o Jornal da Tarde, em São Paulo, marcaram uma época de intensa produção de um fotojornalismo mais exposto e de grande impacto.
O Cruzeiro na visão dos fotógrafos
A primeira edição de O Cruzeiro é de 10 de novembro de 1928, mas a revista só foi publicada ininterruptamente entre 1943 e 1975. A primeira personalidade a aparecer em uma capa da revista de Assis Chateaubriand foi o Rei Alberto da Bélgica, no número 2, mas era uma ilustração.
A primeira foto na capa, aconteceu na quinta edição da revista e mostrava Santos Dumont. Geralmente as capas traziam modelos, atrizes, mulheres bonitas, em geral. Eram raras as capas políticas. Getúlio Vargas, JK, João Goulart e Jânio Quadros estão entre essas raridades.
A revista tem recordes ainda não quebrados como edições com mais de 750 mil exemplares (até hoje, proporcionalmente, a maior) e sua longevidade, 47 anos. A última edição de O Cruzeiro é de julho de 1975, com Pelé na capa, então jogador do Cosmos, vestido de Tio Sam. O Cruzeiro já dava grande destaque às foto reportagens, desde a década de 1940, incentivadas por Chateau.
A revista Realidade, criada por Paulo Patarra, Narciso Kalili, Raimundo Pereira e outros, em meados da década de ’60 passa a tratar de forma contundente os grandes temas sociais brasileiros. A revista consegue driblar a censura da ditadura civil militar que se instalou em 1964 até a decretação do AI5, em dezembro de 1968.
O Jornal do Brasil foi um dos mais importantes jornais brasileiros no século XX. Fundado em 1891, o jornal rapidamente passou a fazer parte da vida nacional, com uma campanha monarquista logo após a proclamação da república. Nos anos 1950, depois de décadas passando pela mão de vários proprietários, ajudou a reformular o jornalismo brasileiro nos âmbitos estéticos e editoriais. Mesmo sem um projeto de ação definido, fizeram experimentações, como a primeira publicação de uma fotografia na capa do jornal, entre anúncios classificados, obviamente.
A 'experiência' começa e em 6 de maio de 1957 publica-se no meio da primeira página a foto do 5º gol do Fluminense, com o nome do fotógrafo grifado, mas sem informar contra quem o time jogava. Isso, ainda, no meio dos classificados, que foram o carro chefe do jornal por quase 100 anos. Todas essas mudanças e experimentações culminaram, no final da década, na mudança estrutural e gráfica mais célebre na história dos jornais impressos brasileiros. Em 1959, a primeira página foi radicalmente modificada e o noticiário voltou a constar da capa do jornal.
A opinião de fotógrafos brasileiros do centro e sul-sudeste
Muito do entusiasmo e disposição de uma geração de fotógrafos que começava a levar a sério o fotojornalismo brasileiro era inspirado por profissionais como Dorothea Lange. Seu trabalho e sua vida podem ser vistos nesse vídeo de 37 min., sem legendas.